Voltar 28 de Setembro de 2021
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Das ideias às transformações

Atendimento em saúde, educação, mobilidade, segurança… São questões que já fazem parte da agenda da maioria dos gestores públicos municipais. Neste momento, há novas demandas precisando entrar na pauta, entre elas a situação pós-Covid. A avaliação é da administradora Ana Carla Fonseca, palestrante no primeiro dia do seminário Cidades que Se Reinventam.

Administradora pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Carla é economista, mestre em Administração e doutora em Urbanismo e foi autora da primeira tese sobre cidades criativas no Brasil.

Dez tendências

Em sua palestra, Ana Carla Fonseca abordou as dez tendências que nenhuma cidade pode perder. A primeira se refere à criação de espaços públicos de conexão. Como as cidades surgiram a partir de demandas como comércio, religião e cultura, hoje é ainda mais imperioso estabelecer fluxos entre formas de agir e entre ideias. É preciso criar espaços para as pessoas se conectarem, como fez a cidade de Londres, com a revitalização em torno do agora despoluído rio Tâmisa; ou Nova York, com o Central Park, um pulmão verde no centro da cidade.

A inovação distribuída é outra tendência, e refere-se à descentralização dos espaços inovadores, como o Vale do Silício, que tirou de San Francisco o polo da inovação tecnológica. Paris é outro exemplo, com seus espaços de inovação distribuídos em redes pela cidade. No Brasil, um modelo é o Porto Digital, em Recife, que se estende até a interiorana Caruaru, com seu Armazém da Criatividade. “Essa distribuição – diz a palestrante – permite que você fique no lugar de que gosta.”

E gostar de uma cidade também depende da mobilidade multimodal, terceira tendência da lista. Ela implica na integração entre os vários modais – carro, ônibus, bicicleta, os pés – e na sua utilização racional, visando a energia limpa.

Essa energia liga à quarta tendência, da sustentabilidade à regeneração. Não basta buscar hoje as formas mais sustentáveis de vida urbana, mas é preciso pensar em regenerar, pensando nas gerações futuras. “Queremos que nossos descendentes possam viver com mais qualidade que nós”, justifica Ana Carla Fonseca.

A sustentabilidade faz o elo com a quinta tendência, os serviços ecossistêmicos. “Precisamos – diz a palestrante – enxergar o valor além do preço, avaliando o que significam os ativos ambientais.” Assim, um determinado serviço oferecido ao cidadão não pode se resumir aos benefícios imediatos, mas deve pesar todas as consequências sobre o ecossistema.

A sexta tendência é o foco no bem-estar de forma ampla, não apenas o físico, mas também o mental, o emocional. Saúde, educação, ambiente, esporte, lazer… E agora mais ainda: como as pessoas vão se adaptar a um mundo pós-Covid. “Fala-se da ‘quarta onda’, que é aquela das sequelas, das perdas, do sofrimento. As gestões públicas também precisam atentar para esse aspecto, visando o bem-estar dos cidadãos.”

A sétima tendência refere-se às políticas transversais, à quebra de fronteiras entre áreas urbanas e rurais, ao respeito às diversidades sociais, econômicas e culturais e aos cidadãos que na cidade vivem. “É um olhar em 360 graus”, ilustra a palestrante.

Esse olhar amplo liga-se à oitava tendência, do meio ao fim, da cidade ao cidadão. “É imperativo – diz Ana Carla – investir em tecnologias que antevejam as necessidades dos cidadãos, e não só da cidade. Como determinada ação vai impactar no bem-estar de quem vive na cidade.”

A nona tendência é a chamada capacitação em T. A base fincada em uma área específica de capacitação, mas o travessão avançando na horizontal, agregando novos conhecimentos em outras áreas, promovendo intercâmbios entre profissões e permitindo que o cidadão amplie seus horizontes.

Finalmente, a valorização da aldeia, o bairrismo, o gostar do lugar em que se vive. “Precisamos reconhecer nossas singularidades. Quanto mais conhecermos e valorizarmos nosso lugar, nossa aldeia, mais poderemos atrair o olhar externo. E isso também influencia no retorno dos talentos, de quem saiu e quer voltar.”

E como se manter dentro destas tendências? “Saindo do campo das ideias e partindo para as transformações”, conclui Ana Carla Fonseca.

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