Exemplo de Lisboa é destaque no 2º Seminário Cidades que se Reinventam
Não foi por acaso que Lisboa recebeu, em 2015, o título de capital empreendedora e criativa da Europa e tem sido reverenciada por alguns dos maiores expoentes da imprensa mundial como um dos destinos mais interessantes para o turismo.
Para falar do conjunto de iniciativas que Lisboa vem desenvolvendo de forma planejada nos últimos anos, a arquiteta Branca Garneiro Neves, mestre em Qualificação da Cidade e Diretora do Projeto de Economia e Inovação, abriu o 2º Seminário Cidades que se Reinventam – um dos eventos paralelos à Expogestão 2018.
Além dela, o Seminário contou com a participação dos palestrantes Carlos Alberto dos Santos, que falou sobre “Como atrair investimento para os municípios – Finanças de Proximidade” e Ana Carla Fonseca, com a palestra “Empreendedorismo & Gestão Pública – Transformando Cidades”.
Com 2,8 milhões de habitantes na região metropolitana, Lisboa atrai anualmente 4 milhões de turistas, encantados com sua gastronomia, seus monumentos, suas iniciativas culturais e com a revitalização de espaços antigos. Estes locais associam à manutenção de elementos característicos da arquitetura portuguesa espaços públicos renovados, adequados ao lazer e com muita interação social.
A participação da comunidade por meio de diversos instrumentos, como o orçamento participativo (que está na décima edição) é um dos pilares deste processo. Foram os próprios habitantes de Lisboa que identificaram e priorizaram os bairros para ntervenção urbana. Depois de renovados, estes espaços passaram a ser contempladas com diversas atividades planejadas dentro de um calendário de eventos de Lisboa que incentiva a ocupação cidadã.
O primeiro movimento de intervenção urbana aconteceu com a Expo 98, evento comemorativo aos 500 anos de descoberta da rota marítima para as Índias, quando foi criado o Parque das Nações. Instalado em uma área de 330 mil m2 na parte oriental da cidade, de frente para o rio, conta com diversos espaços públicos de qualidade, como o Pavilhão do Conhecimento e o Oceanário.
Outras providências também foram tomadas, como uma ampla reforma administrativa, descentralizando alguns serviços. Em 2014, a cidade criou o programa, Study in Lisboa, plataforma física e virtual que oferece todos os serviços necessários para a ambientação de estudantes estrangeiros – da parceria com universidades a convênios com serviços de fronteiras. Nos últimos anos, realizou também a revitalização e renovação dos tradicionais mercados municipais, que, sem perder sua essência, passaram a contar também com restaurantes gourmets.
Diversas iniciativas foram feitas para fomentar a economia, especialmente a criativa e com pegada tecnológica: a Start up Lisboa, o Second Home e a LX FactoryAlcantara são apenas alguns exemplos. Conforme Branca, os reconhecimentos recebidos por Lisboa têm alimentado novos processos de inovação. “Fomos a primeira capital a lançar uma plataforma temporal de crowfunding, na qual os próprios habitantes contribuem com recursos destinados a projetos para melhorar a sua cidade”.
Um dos projetos mais recentes é o Beato, novo bairro criativo de Lisboa, desenvolvido em uma área de 35 mil m2 de uma zona degradada, onde, no passado, quando Portugal contava com muitas colônias, eram realizadas atividades de manutenção militar. Ainda em construção, o Beato deve se transformar no maior polo de inovação de Portugal e um dos maiores da Europa. Segundo Branca, equipes de tecnologia de empresas como Mercedez Benz e Volkswagem, os escritórios do Web Summit (maior evento tecnológico do mundo que realiza em 2018 sua terceira edição em Lisboa) e uma tradicional cervejaria artesanal são alguns negócios que já confirmaram sua instalação no local
“Tudo isso tem permitido que Lisboa esteja nas bocas do mundo”, concluiu Branca Neves.