Setor de eventos clama pela retomada das atividades
Necessidade visa dar sustentabilidade econômica a um ramo que abrange uma cadeia de serviços
O setor de eventos no Brasil continua impactado com os efeitos da pandemia da Covid-19 por causa da estagnação que dura mais de 17 meses.
Neste período, as atividades voltadas ao entretenimento e negócios, como feiras, festividades, shows, eventos culturais foram suspensas e ainda não têm uma previsão total de retomada com garantias de continuidade.
No evento online “Cidades que se Reiventam”, o empresário e presidente da Associação Brasileira de Produtores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, reforçou a necessidade dos gestores públicos avaliarem os índices atuais e o que diz a ciência para buscar a retomada das atividades deste segmento, principalmente num cenário em que há vacinação em andamento.
Na palestra que o empresário proferiu, sob o tema “Retomada dos eventos de A a Z – panorama brasileiro”, foi destacada a importância deste setor na economia do País.
Segundo Caramori, o ramo do entretenimento movimentava por ano, antes da pandemia, R$ 310 bilhões de receita, abrangendo o trabalho de 400 mil empresas ligada a essa cadeia, com dois milhões de trabalhadores diretos e seis milhões indiretos.
O presidente da Abrape revelou a relevância deste setor, não só pelo tamanho de movimento econômico, mas pelo que representa na integração com outros setores. Como por exemplo a realização de uma feira demanda outros serviços, a exemplo da contratação de uma empresa de segurança, fornecedores de alimentação. A rede hoteleira e de venda de passagens também são beneficiadas.
Conforme dados da associação, outros 54 segmentos estão ligados ao setor de eventoe e recebem oportunidades de trabalho. A cada empregado formal, há três informais que dependem desta atividade, como a pessoa que vende doce na frente de um evento ou aquele que estaciona o carro e conseguem ter renda quando há agenda ativa.
“O nosso trabalho gera uma ação social a partir da movimentação que ele atrai. Por isso, somos indutores do crescimento da economia da cidade”, frisou Caramori.
O empresário reconhece a importância dos gestores em tomarem as ações para salvar vidas durante a gestão da pandemia e que a atividade que ele representa foi a que precisou ficar parada para a contenção da doença.
“A matéria-prima do nosso setor, que é a aglomeração e o encontro das pessoas, passou a ser o vilão. Tivemos empresas endividadas e que fecharam por causa disso. Sofremos com o desemprego. O casamento que não foi realizado impactou na demanda para um salão de beleza, nos serviços de alimentação e toda a cadeia que envolve essa festividade. Isso tudo causa uma depressão econômica na sociedade”, exemplificou.
Agora, a Abrape quer apoio dos gestores públicos para a retomada, a partir de planejamento, organização, integração para que haja a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva, com segurança sanitária para todos.
Segundo Caramori, há possibilidade de fazer eventos-teste e ir aos poucos retomando os serviços. Ele sugere que haja uma troca de experiência nas práticas adotadas por países que estão retomando as ações, a partir da vacinação, e que podem servir de modelo.
Ele reforçou a união com o poder público para definir as estratégias da retomada e resolver problemas de forma conjunta. Mas espera que os gestores sejam indutores do planejamento da retomada, com os acompanhamentos e direcionamentos definidos.
Também foi destacada a necessidade de políticas públicas de apoio fiscal a fim de evitar a cobrança de impostos durante o período de paralisação e prazo de carência para a realização do pagamento a partir da retomada para dar sustentabilidade aos negócios.
“ De nada adianta todo o trabalho se não buscar o resultado que todos nós buscamos, que é a retomada. Nosso setor voltará muito mais forte e será um grande instrumento para dar equilíbrio emocional e mental às pessoas e gerar empego e renda. O desafio é manter as empresas vivas e dar as orientações. O agente público que investir na retomada, vai ter um grande resultado“, falou Caramori.
O evento “Cidades que se Reinventam” acontece até o dia 30 de setembro com palestras online sobre desenvolvimento urbano e sustentável. Informações da programação estão disponíveis no site https://cidadesquesereinventam.com.br/